Object Image
Object Image
1/2

Navio dos Loucos

O Navio dos Loucos ou A Nave dos Loucos ou, ainda, A Nau dos Insensatos é uma pintura do artista brabantino Hieronymus Bosch (1450 - 1516), executada em óleo sobre madeira, com 58 cmx 33 cm. Faz parte do acervo do Museu do Louvre, em Paris, onde chegou em 1918 e é exibida com o título de La Nef des fous. Como as demais obras do autor, carece de uma datação precisa. Alguns especialistas indicam que seja de 1503-1506 (Wundram indica, simplemente, que é posterior a 1490). De todo modo, parece claro que se trata de uma obra tardia de Bosch.

A cena Um barco, sobrecarregado de ocupantes que estão se banqueteando com comida e vinho, forma o centro do quadro. Está à deriva e já está muito longe do continente. Seu mastro não tem velas, é uma árvore caducifólia de cuja copa uma face demoníaca espreita. Em vez de remo, um dos ocupantes do barco segura uma colher de madeira na água. Um bobo se senta bem acima e de costas para a cena. Ele parece desinteressado, talvez entediado, como se ele, um bobo, fosse menos tolo do que as pessoas que passam o tempo no barco de maneira viciosa e blasfema. Um pequeno grupo se diverte, tentando pegar com a boca, sem usar as mãos, um espécie de pão que está pendurado. Algumas pessoas nuas estão na água, onde um passageiro, ao fundo, vomita. Em meio à folhagem, uma coruja, símbolo da sabedoria. No mastro, uma bandeira com um crescente, interpretado como símbolo muçulmano - e portanto, não cristão - ou como uma alusão aos lunáticos, ou seja, aos loucos, condenados a vagar em um navio sem rumo.

Contexto da obra A obra critica, de forma alegórica, os costumes da sociedade da época: o desregramento dos costumes presente em todos os grupos sociais (incluindo o clero, como se pode ver, em primeiro plano, na pintura). Os protagonistas são uma monja franciscana e um goliardo que se divertem, tentando fincar os dentes no pão pendurado por um fio.

A pintura, tal como a conhecemos hoje, é parte de um tríptico que foi cortado em várias partes. A Nave dos Loucos correspondia a um dos painéis do retábulo e atualmente tem cerca de dois terços do comprimento original. O terço inferior do painel pertence à Universidade Yale e é chamado Alegoria da Intemperança. O outro painel remanescente, que manteve aproximadamente o seu comprimento total, é a Morte do Avarento, e se encontra na National Gallery of Art, Washington, DC. Os dois painéis, juntos, representariam os dois extremos, prodigalidade e avareza, condenando e caricaturando ambos. O Caixeiro-viajante (ou O Vagabundo ou O Filho Pródigo) foi pintado atrás do painel direito do tríptico. O painel central, se existia, é desconhecido.

A obra de Bosch situa-se entre os séculos XV e XVI, época de profunda crise religiosa e social. A pintura flamenga é fiel à tradição religiosa. Na Itáia emergiam os princípios do Renascimento, a partir do descobrimento da perspectiva e do conhecimento da anatomia, enquanto nos Países Baixos ainda se conservava uma estética ligada às tradições medievais, conforme atesta a obra de Bosch, marcada pela eterna luta entre o Bem e o Mal.

c. 1490–1500
Oil on pannel
58.0 x 33.0cm
RF2218
Imagem e texto cortesia de Wikipedia, 2023

Encontre isso em

Museu do Louvre
Museu do Louvre
Coleção Permanente